18 maio, 2011

O segredo por detrás da ponte (part. 12)

(…)
Passaram-se anos e mais anos, cerca de uns seis, e eu já tinha reconstruído a minha vida. Terminei a minha formatura em psicologia e consegui um emprego muito facilmente num consultório em Boston. Os meus pais continuavam a morar em Portland, para onde nos tínhamos mudado quando o meu pai arranjara um novo emprego. Sobre o Pedro, nunca mais tive notícias dele até hoje. Quando estava numa das minhas pausas decidi verificar o meu correio electrónico e lá se encontrava um e-mail que me era completamente desconhecido e assim que o abri petrifiquei. Passaram-se seis anos sem uma notícia, demorei tempos para conseguir superar a louca paixão que tinha por ele e que de certo modo até este momento ainda não se evaporou completamente, seis anos em que este amor não se tornou algo inexistente. Tenho que admitir que muitas vezes ainda pensava no Pedro, onde ele estaria naquele momento, se estaria bem ou mal e naqueles tempos que passamos juntos mas eram pequenos delírios que não passavam disso mesmo. E, agora não consigo deixar de me perguntar porque tanto tempo sem uma notícia, um telefonema ou uma simples mensagem como tantas vezes fizemos. Aquele e-mail explicava muito do que eu queria saber. 
“ Querida Filipa, já não sei ao certo o que te devo chamar visto que se passou tanto tempo, anos sem te dar uma notícia. Deves sentir raiva de mim e não te condeno por isso, aliás acho que sou bem merecedor dessa raiva. Mas, tudo teve uma razão de ser. Lembras-te daquela ultima mensagem que me envias-te na qual me pedias uma prova do meu amor, bem, eu tentei sair, livrar-me da Linda mas ela não queria deixar-me ir, por fim tentou até matar-me o que causou não a minha morte mas sim a dela. Estive preso durante uns meses mas o pequeno e os meus novos vizinhos, quem me ajudou naquele dia, testemunharam a meu favor e por fim acabei por ser ilibado. Aqueles novos vizinhos faziam recordar-me tanto de ti, da tua cede de me salvares dela o que naquela altura me deu força para lutar e acreditar que mais tarde ou mais cedo a minha inocência, não tão inocente, iria ser provada e que no final poderia correr o mundo a tua procura. No entanto, quando fui libertado apercebi-me de que nada tinha, perdera a casa que em tempos tinha sido do meu pai, perdi o Jonathan e de alguma forma sentia que também te tinha perdido a ti. Não tinha, na minha ideia, um meio para te contactar nem sabia como te encontrar. Sentia o meu mundo, ali, a cair-me aos pés, achava que nada podia fazer e num acto de loucura decidi alistar-me no exército. Passei os últimos 5 anos da minha vida numa base na Alemanha, achava que nada fazia aqui mas desta última vez senti que estava na hora de crescer, sair procurar-te. Passei este mês em volta de ti. Procurei por tudo o que era canto até que finalmente ontem quando comprei o jornal vi uma notícia sobre uma nova clínica de aconselhamento altamente bem sucedida em Boston e entre os nomes dos psicólogos lá estava um que não me era inteiramente desconhecido, pesquisei e cheguei a conclusão de que eras mesmo tu. Escrevo-te este e-mail já a caminho de Boston e peço-te que apareças metro às 16h para poder ver-te e perceber se tudo o que ainda sinto é correspondido.
Beijos, teu Pedro.”
Quando acabei de ler as palavras do Pedro o meu acto foi instintivo, pedir a nossa secretaria que alterasse todas as consultas marcadas naquela tarde para outra hora. Olhei o relógio e eram precisamente 15h30, 30 minutos era o que me restava para sair dali ir até casa vestir um trapo menos formal, não me sentia muito bem naquela indumentária chique, e por fim chegar ao metro. Agi rapidamente e, eram precisamente 16h quando cheguei ao metro, comecei a correr mas não sabia para onde devia ir, não sabia ao certo de onde ele vinha, senti-me perdida. A réstia de esperança que sentia de o meu grande amor voltar a ser possível de se vivido estava a desaparecer. Ouvia chamar o meu nome “Filipa!” olhei na minha retaguarda e era ele. Não tinha mudado nada, notavam-se apenas alguns traços do envelhecimento. Corri para os seus braços e naquele momento vi que ainda o amava mais do que nunca. Seis anos se passaram sem ele, na ausência deste amor e, em 30 minutos demasiado longos tudo voltou a ser possível. Eu queria-o ali ao pé de mim para sempre mesmo que esse sempre fosse impossível queria e sentia que ele o desejava também.
FIM 
&Lil

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