Eu? Eu costumava ser alguém alegre, que acordava todos os
dias com um sorriso nos lábios, que escolhia a sua roupa, que colocava a sua
maquilhagem de forma arrojada e por fim saia de casa sorrindo e acenando a
todos os que por si passavam. Os meus amigos diziam-me muitas vezes quando
chegava perto deles logo cedinho ‘ai vêm a Martinha, a luz do nosso dia’. Agora
quando me olho ao espelho pergunto-me tantas vezes onde está essa Marta, aquela
que alegrava as manhãs de todos e mais alguns, onde estás Marta? Eu já não me
conheço mais, quando me olho não consigo ver para além da sujidade que em mim
depositaram e por mais que tente, por mais que me esforce isto não desaparece. Dói.
Dói cada vez mais, não conseguir esquecer aquele dia, aquela tarde, aquele
momento em que arrancas-te tudo de mim, em que levas-te tudo o que tinha e dá-me
arrepios cada vez que recordo a maneira repugnante com que me tocaste, como
disseste que iria ser tua. Eu pedi-te, pedi-te tanto para que não fizesses isto
comigo, porque? Porque o fizeste? Não consigo perceber, porque eu? Todas as
noites desespero no meu sono, tu vens e voltas a fazer-me o mesmo, não aguento
mais, tenho medo até de dormir porque tu vais aparecer para me magoar mais uma
vez. Faz hoje uma semana que não me reconheço mais, que tudo isto começou. Faz
hoje uma semana que fui violada…
Marta
&Lil, continuo?
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