A vida nem sempre pode ser justa. Esta foi a maior injustiça que me aconteceu. Tudo o que eu queria era sentir-me, sentir o meu corpo. Sentir que posso ser útil para alguma coisa. Os médicos dizem que talvez possa vir a recuperar e sair desta cadeira de rodas mas que nunca vou voltar novamente a sentir o vento a passar-me na cara a toda a velocidade naqueles curtos segundos até pisar a linha da meta. Aquele era o meu sonho, o que eu desejava para a minha vida, correr por tudo e por todos, ser o maior atleta que existe em todo o mundo, bater o melhor dos melhores, fazer o meu próprio recorde e ultrapassa-lo vezes e vezes sem conta. Mas, agora estou preso nesta cadeira sem puder mexer-me decentemente, sem qualquer autonomia. Meu deus, o quanto eu desejava estar agora no estádio a disputar o campeonato nacional, ia ser o 1º pela quarta vez consecutiva mas não, aqui estou eu por causa de uma brincadeira estúpida que nem combina comigo. Por causa de um erro, que poderia muito bem nem ter cometido se aquela a quem chamo de meu amor tivesse estado do meu lado, se não me tivesse posto para trás numa altura tão importante. Sei bem que a altura não deve impedir nada e que nem devo culpa-la pois o responsável sou eu. Fui eu quem engoliu aqueles comprimidos malucos que levaram ao acidente responsável por não me sentir. E ela sempre me avisara que aqueles não eram os meus verdadeiros amigos, e que acabariam por me encaminhar para a minha desgraça. Afinal ela sempre teve razão.
(continua)
&Lil
Sem comentários:
Enviar um comentário