17 abril, 2011

Um mar de Ondas


Estava desejoso de pegar na minha prancha, comprar uma carrinha e viajar. O mundo estendia-se aos meus pés e eu aproveitá-lo-ia. Esperei anos e anos a fio por este momento, os meus pais, que achavam que seria melhor para mim, obrigaram-me a permanecer na escola a desperdiçar mais uns anos da minha juventude, a pegar em livros (que não me diziam rigorosamente nada), para que pudesse ser algo na vida, pois eles nunca o foram, e tinham a esperança que eu algum dia viesse a ser, mas agora, o meu destino estava delineado, atingi a maturidade, cumpri o ensino secundário até com uma boa média, comprei uma carrinha Volkswagen com os part-times que fiz nas lojas de surf da zona, e não parti nenhum coração que poderia me fazer voltar atrás com tudo isto. A rota estava traçada, iria para onde nunca fui, descobrir o que nunca descobri, viver o que nunca vivi e principalmente sentir, sentir tudo aquilo que nunca antes tinha sentido, decididamente estava pronto para a viagem. Apenas eu, a carrinha, e os meus discos de reggae, ninguém estava preso a mim e eu não estava preso a ninguém, iria conhecer gente de todas as raças e feitios e que se iriam juntar a mim ao longo da viagem, mas de início, apenas era eu e as minhas meditações. Ao entrar para a carrinha, depois de já me ter despedido dos meus pais, que me pediram mais uma vez para que ficasse com eles, neguei, tendo um flash-back, eu um menino de onze anos, estava sentado numa rocha a apreciar o mar, quando atentamente, segui com o olhar alguns surfistas que nunca antes vira, eram altos, esguios, cabelos louros devido ao embate do sol e ao sal do mar e com enormes rastas, descendo pelas costas a baixo chegando até á cintura. Quando os olhava, até chegava a ser uma maneira diferente de olhar era pura admiração, fascínio, pareciam-me os seres mais puros da terra, mas na verdade, não tinham ar de possuir grandes empregos nem nada do género, mas a maneira como eram guiados, pelos seus sentimentos, o seu instinto, os seus sonhos… Fascinava-me profundamente. Acordara deste sonho e pensei, a minha espera terminara, neste momento sou eu, unicamente eu, e um mar de ondas que nunca haverá de ter finito.   

&Daniela

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