20 abril, 2011

O segredo por detrás da ponte (part. 5)

Aquela semana em que a sua madrasta esteve ausente fora uma semana crucial para nós dois. Todos os dias após o almoço e o jantar ia ter com o Pedro e ficávamos a falar. Um dia Pedro contara-me a história dos pais dele.
                - Quando tinha a idade do pequeno, 7 anos, os meus pais tiveram um acidente de carro. Eu tinha ido passar o fim-de-semana na casa dos meus tios pois eles tinham de tratar de uns assuntos para adultos, esses nunca cheguei a saber quais eram, e no caminho de volta para me irem buscar depararam-se com um condutor embriagado que seguia em contra-mão. O meu pai tentou desviar-se o que não deu muito resultado, aliás, o resultado foi catastrófico. A minha mãe morreu nesse acidente. O meu pai fora-se completamente abaixo com esta situação e meteu-se na bebida foi assim que conheceu a Linda, a minha madrasta, numa das suas noitadas. Em 2003, ela veio viver connosco, parecia ser uma mulher simpática e ao inicio gostava bastante dela mas depois engravidou do meu pai e foi ai que começou a tratar-me com desdém e após o nascimento do Jonathan comecei a sofrer dos seus maus-tratos, não eram nada de grave mas eu comecei a sentir-me frustrado o que foi suficiente para me meter com algumas pessoas que não devia e, me levou a ir para uma casa de correcção durante quatro anos. Não sei o que se passou por cá enquanto estive ausente mas em 2008 quando regressei a casa, o meu pai não parecia a mesma pessoa, estava com um ar combalido e parecia que ao invés de quatro anos se tinham passado pelo menos uns dez, já nem o reconhecia, não era aquele homem alegre, perecia-me bastante frustrado mas não percebia porque já que a amava tanto, passado exactamente um ano após ter saído da casa de correcção o meu pai cometeu o suicídio, antes de o fazer ligou-me e desculpou-se por me ir deixar com a Linda mas não conseguia aguentar mais viver assim. Hoje percebo o porque.
Eu estava, não chocada mas sensibilizada. Pedro sempre tivera uma vida tão complicada, deste os sete anos que sofria e eu era apenas uma menina fútil que queria ajudá-lo mas no fundo não sabia nada do que era a vida. E, mais uma vez enquanto me preocupava com as minhas futilidades nem reparara que o Pedro estava a chorar. Decidi abraça-lo, não era muito boa naquelas situações, nunca o fora e achava que o silêncio era a melhor opção. Quando o fiz senti o seu corpo paralisar e os seus olhos moveram-se ao encontro dos meus. Limpei-lhe as lágrimas e pressionei o meu dedo indicador contra a sua boca. Não era preciso dizer nada. Eu sabia que aqueles dias tinham bastado para o Pedro se apaixonar por mim. E, sentia-me verdadeiramente feliz por isso mas naquele momento queria que ele desfrutasse apenas do meu abraço, então, encostei a minha cabeça ao seu ombro.

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