10 abril, 2011

Meu querido canito, para onde foste?


Não tenho nada, nem mesmo ninguém. 
Vou partir.                                                           
Toda a minha vida, sendo ela inteiramente fútil, vivi numa rotina, tendo que aguentar sete dias, sobre sete dias, e novamente mais sete dias. Perdi tudo o que tinha, até mesmo o que não tinha. A minha tábua de salvação, o meu cão que quando o chamava «Bobi, vem cá!», ele saltava alegremente para cima de mim, lambendo-me calorosamente a cara, deixando-a imensamente babada, e ficava em cima de mim, até que lhe desse um biscoito, com um cheiro intenso a carne, e depois voltava para a sua casota, atento, como se tivesse a esperança de que eu o chamasse de novo, não para lhe dar um biscoito, mas sim para que ele me lambuzasse a cara, com aquele amável abraço que só ele e simplesmente ele, sabia dar, e retornava para a sua casota com um olhar doce. Recordo-me destes momentos. Deixa sobre mim um rasto de nostalgia que eu própria não fazia o mínimo esforço para disfarçá-lo. Este cão, considerava-o como a minha tábua de salvação, aquele animal que irradiava alegria pelas veias, e que transpunha este sentimento, contagiando-nos, sem a mínima intenção de tal. Sentia miseravelmente a falta do meu doce e querido “Bobi”, que morreu, morreu deixando-me exclusivamente sozinha. Nesse momento, o meu ínfimo e pequenino mundo desabou, deixando-me presa a uma rotina, que fazia com que me agarrasse cada vez mais a ela, chegando ao dia em que eu disse “BASTA!”, não aguentava mais, arrumei as minhas roupas numa mochila, despedi-me do meu emprego, disse adeus aos meus pais, e fui embora. 


&Daniela

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