16 abril, 2011

Correndo sem parar


Correndo sem parar, densas lágrimas com um ligeiro sabor a sal escorriam-me pelo rosto dando-lhe um tom de escarlate, tendo olhos fortemente avermelhados, parecendo que os infectara com algo tóxico, mas porventura, estavam inflamados pela dor da desistência. Corri, não sei para a onde, mas corri, não sobe para onde ia, mas só o facto de ter o ar frio pela face e as minhas pernas movendo-se em movimentos rápidos, traziam á tona um turbilhão de sentimentos, dando-me um aperto no coração, e fazendo um nó em torno do meu sistema digestivo, deixando-me nauseada, e novamente a vontade de correr para sítio nenhures apoderou-se de mim, voltei a correr, e com uma capacidade absurda corri sem parar, recordando-me de tudo o que vivi, revoltava-me a forma como tudo tinha chegado aquele ponto, e como eu o deixei chegar, estava no sítio mais alto que se poderia estar, sentia-me arrebatadamente feliz, mas esta tortura matava-me sabendo que tudo iria terminar um dia, podendo deixar-me de rastos, e inevitavelmente num mundo às escuras, onde não iria provavelmente encontrar a luz que me poderia iluminar o caminho, e perdida num mundo que somente era meu. Eu iria desistir. Esta felicidade provocava em mim um sentimento contraditório, não podendo continuar a viver uma felicidade à espera que esta tivesse o seu fim, matava-me completamente. Correndo, e firmemente afincada aos meus pensamentos, parei, estava esgotada com toda a correria. Sentada numa rocha, observa o movimento de Este para Oeste do Sol, pegando em pequenos seixos, atirando-os delicadamente pela água formando pequenas ondas, até o pequeno seixo estar mais pesado que a onda, afundando-se lentamente, dando ênfase á sua partida com um pequeno toque no fundo do lago. Repetidamente, lançava pequenos seixos sobre a água e via-os afundar. Até que anoiteceu, deixei de ver os pequenos seixos, e principiei às grandes orquestras que ecoavam pelo lago, que os pequenos grilos e os restantes animais faziam. E continuadamente sentada na pedra, derramava lágrimas como se não tivesse fim, vendo tudo ir para onde menos gostava, não poderia lutar mais, simplesmente desistiria ali, não poderia lutar por algo que não valesse a pena, sem grandes despedidas, mas com grandes soluços de tristeza, todos os sentimentos assustadores e melodramáticos, ficariam ali, ou simplesmente iriam perseguir-me pela eternidade, não sabendo quando poderiam terminar, chorava, o acto mais típico de qualquer mulher, chorar, até que alguém a fizesse rir. Esperava sentada como qualquer outra mulher que alguém a viesse fazer rir, sentada, de perna cruzada, e pousando os olhos sobre as mãos, mostrando recato, havia pequenas gotículas de água salgada pousando sobre estas. As minhas maçãs do rosto á muito que teriam alcançado o tom rosado, e dali a um escasso momento teriam pequenas veias de tonalidades púrpuras percorrendo-o. Esperara até de manhã, ninguém havia aparecido. Do nada, e parecendo completamente embriagada, comecei a rir, zombando de mim própria de tal imbecilidade e sem querer, tropecei numa pedra caindo redondamente dentro do lago, onde grandes e feios sapos emitam grandes «rabit, rabit», dando-me um enorme nojo, sai do lago a correr e completamente ensopada, gritando “ Ai um sapo! Oh não, outro! Ajudem-me! Por favor”, e saiu alguém de entre os arvoredos.

&Daniela

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